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Extra Classe - O que define Marina Colasanti como escritora hoje? O que lhe motiva a escrever?
Marina Colasanti – A definição não cabe a mim, cabe aos leitores e à crítica. A mim cabe dizer quais são as minhas intenções, qual o meu projeto literário. Não por acaso me dedico a vários gêneros literários. Na aparente fragmentação, busco uma diversidade de tons que me permita modular mais plenamente o meu discurso. Discurso que é um só, projeto que é de unidade. Vale dizer que, paralelamente à literatura, sempre desenvolvi um trabalho de reflexão crítica, quer na área de comportamento, quer na do fazer literário.
EC – Como a senhora definiria seu mais recente trabalho Fragatas para terras distantes?
Colasanti – Fragatas reúne alguns artigos, dois prefácios e palestras que andei fazendo Brasil adentro e mundo afora. São pequenos ensaios sobre leitura e literatura, entre eles uma leitura comparada de Alice, Pinóquio e Peter Pan; um olhar deitado sobre Harry Potter; algo sobre poesia feminina medieval; escrever para o século XXI; enfim, temas diversos.
EC – A que a senhora atribui seus livros terem ficado tanto tempo fora do catálogo das editoras?
Colasanti – Nem todos os meus livros ficaram tanto tempo fora das editoras. Alguns, os mais antigos – não podemos esquecer que publiquei meu primeiro livro em 1968 –, saíram de catálogo naturalmente, como A Morada do Ser, que acaba de ser reeditado pela Editora Record depois de uma ausência de quase de 20 anos. Ter livros esgotados e fora de comércio é destino de todo escritor. Agora, tendo mudado de editora, reeditarei boa parte dos que estavam ausentes. Em compensação, todos os meus livros para público infantil e juvenil – escrevo mais para os jovens do que para os bem pequenos – estão e estiveram sempre em catálogo, mesmo através de mudanças de editoras.
EC – Existe uma literatura feminina, ou essa abordagem coloca as mulheres em um gueto literário?
Colasanti – Essa pergunta exige resposta alentada, bem-fundamentada, e eu a dei no capítulo de Fragatas intitulado “Por que nos Perguntam se Existimos”. Para não deixar sua pergunta sem resposta, posso responder com outra pergunta: por que não existiria?, e com uma afirmação: os guetos nunca foram eliminados através do acultamento da identidade, e sim através da denúncia do gueto.
EC – Qual a importância de eventos como a Feira do Livro de Porto Alegre e Jornada de Literatura de Passo Fundo?
Colasanti – A Feira do Livro é hoje um evento internacional que, inclusive, tem colaborado muito para a integração da nossa literatura com a literatura de língua hispânica dos nosso vizinhos continentais. Passo Fundo é uma festa, uma alegria literária da qual me orgulho de ter participado quando ainda engatinhava (a festa, não eu!).