COM CLARICE ...e domingo estarei com Marina, às 16 horas, lançando no stand da UNESP - "COM CLARICE" - lembranças, análises,...
COM CLARICE
...e domingo estarei com Marina, às 16 horas, lançando no stand da UNESP - "COM CLARICE" - lembranças, análises, textos sobre essa escritora cada vez mais necessária...
Marina Colasanti e Affonso Romano de Sant’Anna esboçam em Com Clarice, que a Editora Unesp lança até a Bienal do Rio, um retrato sensível da amiga Clarice Lispector.
Trecho do livro:
“Eu não sabia que Clarice pintava. Ou talvez tenha sabido em algum momento e esquecido em outro. Se soube, foi porém depois de sua morte, porque nunca falei com ela de cores. Quando li agora, no jornal, pareceu‑me uma coisa nova. Acho que tive uma ponta de ciúmes. Como e que Clarice pintava e nunca me disse nada? A mim, que pinto e teria gostado tanto dessa cumplicidade, de entrar com ela em terreno outro, de acompanhá-la na tal caverna que ela dizia ter pintado, caverna de estalactites e um cavalo louro. Mas como saber aonde Clarice nos levaria – e quando – ela tão secreta e ao mesmo tempo exposta, tão cheia de esquinas alem das quais tudo podia acontecer? E por que me entregaria esse presente, se talvez nem soubesse que eu teria gostado? Não, nunca me falou da pintura que andava inventando para si, nem naquela entrevista que fizemos com ela para o MIS, Affonso e eu, naquele dia em que ela chegou, bonita e tão alegre no seu casaco marrom – acho que era de camurça – embora não estivesse nada frio. (Marina Colasanti, em Com Clarice).”
“Eu não sabia que Clarice pintava. Ou talvez tenha sabido em algum momento e esquecido em outro. Se soube, foi porém depois de sua morte, porque nunca falei com ela de cores. Quando li agora, no jornal, pareceu‑me uma coisa nova. Acho que tive uma ponta de ciúmes. Como e que Clarice pintava e nunca me disse nada? A mim, que pinto e teria gostado tanto dessa cumplicidade, de entrar com ela em terreno outro, de acompanhá-la na tal caverna que ela dizia ter pintado, caverna de estalactites e um cavalo louro. Mas como saber aonde Clarice nos levaria – e quando – ela tão secreta e ao mesmo tempo exposta, tão cheia de esquinas alem das quais tudo podia acontecer? E por que me entregaria esse presente, se talvez nem soubesse que eu teria gostado? Não, nunca me falou da pintura que andava inventando para si, nem naquela entrevista que fizemos com ela para o MIS, Affonso e eu, naquele dia em que ela chegou, bonita e tão alegre no seu casaco marrom – acho que era de camurça – embora não estivesse nada frio. (Marina Colasanti, em Com Clarice).”