O Sonho de Marina Eis aqui, diante de mim, o livro de Marina Colasanti. Pronto, acabado, cheirando novo. Um livro sempre é um sonho....
O Sonho de Marina
Eis aqui, diante de mim, o livro de Marina Colasanti. Pronto, acabado, cheirando novo. Um livro sempre é um sonho. Um sonho de quem o escreveu, de quem o inspirou, de quem o editou e, até mesmo, daqueles que só animam imperiosas razões de comércio e indústria. Um livro é sempre como um sonho. Eis, então, aqui, o sonho de Marina Colasanti. E Marina Colasanti deve ser lida. Mas é preciso dizer mais: bom seria que, depois de lida, a gente pudesse conhecer Marina Colasanti, na profundidade do conhecimento que homem e mulher podem ter sem que disso resulte outra coisa que não a estima, a admiração, a amizade. Ler e conhecer. É o que se espera - o que eu espero - do leitor deste livro, daquele que ainda não leu nem conhece essa filha dos desertos de Asmara, brilhante de sóis cariocas, vontade de conhecer Marina Colasanti. Para quem já leu o que ela escreve, fica sempre o gosto de releitura e o sabor da revisita ao mundo ardente e desinibido que ela criou, como a melhor e a mais doce das promessas encerradas nestas páginas.
Cronista, armada de coragem e ternura segundo Fausto Cunha, mulher livre de preconceitos, crítica severa de costumes e tabus, ela sabe tirar da manga do seu casaco mágico as doses de otimismo e esperança de que tanto necessitam os pobres mortais que, como nós, vivem a dificuldade de viver.
Jornalista a 11 anos, casada com Affonso Romano de Sant'Anna, mãe de duas filhas (Fabiana e Alessandra), nasceu em Asmara, Etiópia, é italiana, naturalizada brasileira. Desde 1948 no Brasil, após nômades andanças ao sabor da Guerra, fez estudos de Belas Artes, iniciou uma carreira como gravadora, com exposições e salões, até que o jornalismo, em 1962, a desviou para o texto, a notícia, a crítica, a crônica e o mundo da ficção.
Tem um primeiro livro, quase inédito, de 1968: Eu Sozinha. Chega agora a este Nada na Manga após traduzir oito livros (de Morávia, Kosinski, Papini, Kawabata).
Entretanto, esta não é toda a Marina Colasanti que se deve conhecer. Juro que não. A mulher, e qualquer outra consideração de ordem pessoal que o leitor queira melhor conhecer, está devidamente contida (em princípio) no presente livro.
Remy Gorga Filho