Marina Manda Lembranças N uma revista francesa leio a reportagem com um título curioso: “Socorro, meu cachorro é um nerd!”. A reportagem rev...
Marina Manda Lembranças
Marina Manda Lembranças
A reportagem revela que o mercado mundial de gadegts inteligentes, de jogos para animais ou de aplicativos, está em alta. Em 2019 faturava 3 bilhões de dólares e, de acordo com Global Market Insights, poderá alcançar 12 bilhões de dólares em 2026.
A China está tomando a frente desse mercado, apesar de eu não saber de nenhum chinês que tenha pet.
Não tenho aplicativo no celular, nem do meu banco nem do uber, prefiro ir ao banco e tomar um taxi, mas não sei de ninguém que tenha um aplicativo para uma coleira de geolocalização, e um equipamento que distribui croquetes de peso fixo à hora certa, e também uma “multifunção destinada à interação e à vigilância”, equipada de uma câmera com visão noturna, que permite “observar, falar, brincar” com seu cão ou gato mesmo não estando em casa.
No Brasil existem mais de 139 milhões de animais de estimação, segundo o IBGE. E mais de um quarto dos pets estão em São Paulo.
O Brasil registra 40 mil petshops. E o segmento registrou alta de 27% em 2021, e faturou mais de 51 bilhões de reais.
Também não conheço ninguém como Cristina, jovem nerd, que dispõe de três jogos para distrair seu gato. Com “Game for cats” o felino pode acompanhar um ponto luminoso o tentar apanhar um camundongo. Se ele tem talento artístico, pode aprender a pintar graças a “Paint for cats”. E se este excesso de atividades o excita demais, com “Cat Relax” poderá se relaxar em menos de dez minutos através de sessões musicais.
E que sobra para o cão? Para ele aplicativos de treinamento. E até mesmo explicações ou traduções de latidos.
Eu tive um animal de grande, imensa, estimação. Uma Yorkshire que me foi dada de presente em 2001, por minha amiga, dona da mãe dela. Affonso não queria ter cachorro, mas quando a teve na palma da mão, macia e quentinha, se apaixonou perdidamente.
A minúscula cadela viveu 15 anos e, durante três anos não tive coragem de jogar fora a caminha dela, achando que se desejasse dormir comigo, dormiria onde sempre havia dormido.
Não acredito em segunda vida após a morte mas, por amor a ela, acreditei.
Também tive uma gata siamesa nos dois anos que antecederam minha mudança definitiva para o Rio. Não me despedi dela com o amor devido, porque estava curiosa de conhecer o novo país que me havia sido prometido há muito, e porque estava ansiosa para começar a viagem. E, chegando, não tive saudades da minha amorosa siamesa pelo mesmos motivos.
Leio na mesma revista, que existe o primeiro pet virtual do mundo. O nome dele? Tamagotchi. Com esse nome só poderia ter sido inventado no Japão. Com efeito, Tamagotchi foi criado no Japão em 1996, mas o primeiro pet já está ficando velho para a tecnologia atual. Como funciona? De um pequeno ovo achatado, sai um pequeno animal bonitinho e mimoso que precisa ser alimentado, posto para dormir, cuidado e lavado. Se isso não for feito, Tamagotchi pode morrer.
Felizmente, não conheço ninguém que tenha esse pet virtual. Deve ser estressante ter tantas tarefas e tanta responsabilidade.
Encontrei na calçada um minúsculo cão a quem me dirigi como se fosse um Pinscher. “Não é um Pinscher. E um Chihuahua !” me disse gentilmente a dona.
Imediatamente vi o Chihuahua indo passear com uma guia comprida atada a um drone, pilotado do sofá da sala, sem que a dona dele tivesse que acompanha-lo.
Mas isso são coisas da Europa ou dos EUA.
Resta saber quem vai recolher o cocô do cachorro em um saco plástico e joga-lo fora quando o passeio acabar. Com certeza, não vai ser o drone!