Estado de Minas N a China, onze multi milionários desejam encontrar a mulher ideal para casar, e entregaram essa procura a um clube muit...
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É a forma moderna de retomar a antiga tradição chinesa dos casamenteiros. Mas grandiosa. Para entrar no Clube Chinês de Empresários Solteiros é necessário ter uma fortuna de 100 milhões de yuans (13 milhões de euros), e pagar o equivalente a 25 mil euros por ano. Para ser candidata a casar com um deles é preciso ter de 18 a 28 anos, medir entre 1,60m a 1,75m, ter três anos de estudo universitário, possuir QI alto, moral ilibada, beleza natural (sem plásticas). O nome, a área de atuação e o rosto dos maridos potenciais só serão revelados no final da seleção encenada pelo Clube.
Os juízes, os psicólogos, e até os astrólogos envolvidos no processo prometem severidade. Das 2.800 moças cuja inscrição foi aprovada, só 320 foram selecionadas na primeira rodada, em maio. Houve outra no mês passado. E haverá mais oito, em cidades diferentes. 28 finalistas chegarão ao final para encontrar os empresários bem aquinhoados, em festa apoteótica num hotel de Cantão.
Poderíamos temer pelo emparelhamento, não tivesse o regime adestrado os chineses para a obediência. Se três ou quatro ou todos desejarem a mais bonita, não serão eles nem ela a decidir. Haverá seguramente um líder nomeado pelo Clube para dizer quem casa com quem. Depois, apesar dos astros e do dinheiro, o par tem o direito de não dar certo.
A China chega atrasada a essa fórmula. Fazem já 12 anos que 22 milhões de espectadores americanos pararam medusados diante da TV para acompanhar o reality da Fox “Quem quer casar com um multi-milionário?”. Sem ter o sentido chinês da cerimônia, mas eficientíssimos na objetividade e na pressa, os americanos cobriram todo o percurso - seleção da candidata, apresentação do milionário, pedido de casamento, e casamento em si - em apenas duas horas. E, coast to coast, Rick Rockwell tornou-se marido de Darva Conger.
Não deu certo. Ela disse depois que já na hora do pedido frente às câmaras, quando ele a beijou abusivamente, sentiu repulsa. Na lua de mel, não houve lua nem mel, o casamento nunca foi consumado. Repórteres descobriram que ele não era tão multi quanto dissera. Ela declarou que o episódio todo contrariava seus princípios morais. Divorciaram. Ela posou nua para Playboy naquele mesmo ano.
No mundo todo há mais homens que mulheres. Mas na China há menos mulheres do que em qualquer parte do mundo. Enquanto no ocidente as revistas femininas dão conselhos de superação erótica e ensinam truques de beleza para reter o macho, na China são os homens que capricham na formação e tentam caprichar na conta bancária, para vencer a luta pela fêmea. E freqüentam cursos, e compram livros, em busca dos segredos da sedução.
Surpreso ficaria Hsi-Mên, personagem central do clássico romance chinês do sec. XVI, “Chin P’ing Mei” (Galho de Ameixa em Vaso de Ouro), que ao longo de novecentas páginas evolui em jogos de amor e refinado erotismo. Esse herói libertino, conhecedor do corpo e do desejo da mulher, marido de seis esposas, não poderia imaginar que quatro séculos mais tarde a lei do filho único acabaria levando 35 milhões de chineses a viver sem esposa alguma.
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Procissão do Noivo - Pintura de Lee Chou-Ying |