O livro reúne 49 poemas da autora agrupados em seis temas: "Mais um dia começa", "Estranheza com beleza", "Os de...
O livro reúne 49 poemas da autora agrupados em seis temas: "Mais um dia começa", "Estranheza com beleza", "Os dentes e a fome", "O outro e o mesmo", "Inventar a própria história" e "O futuro é sempre adiante". O reino animal, a chuva, o vento, o mar, as flores, a temporalidade, a mulher, o adolescente, pequenos detalhes do dia a dia, entre outros, são observados e tecidos com a sensibilidade poética de Marina Colasanti. Poemas na medida certa para ler,sentir e apreciar o encantamento provocado por suas palavras.
Mesmo parada
O que se move na noite escura?
Cupim roendo madeira dura,
gambá na toca, pingo de chuva,
pata que cava, unha que fura
sombra entrevista pela fissura.
Na noite muda, quem faz ruído?
Água que corre, bicho ferido
folha que morre, galho partido,
suspiro, espirro, ronco e grunhido,
vento que sopra como um gemido.
A noite avança. Mesmo parada
a madrugada move suas asas
sobre o telhado das casas. E já
a boca da noite bebe leite,
e o galo canta o nome da manhã.
O que se move na noite escura?
Cupim roendo madeira dura,
gambá na toca, pingo de chuva,
pata que cava, unha que fura
sombra entrevista pela fissura.
Na noite muda, quem faz ruído?
Água que corre, bicho ferido
folha que morre, galho partido,
suspiro, espirro, ronco e grunhido,
vento que sopra como um gemido.
A noite avança. Mesmo parada
a madrugada move suas asas
sobre o telhado das casas. E já
a boca da noite bebe leite,
e o galo canta o nome da manhã.
~ ~
Carta aberta
Mãe,
qualquer hora
vou-me embora.
Deixo a roupa suja
dou comida ao cão
ponho na coleira,
para que não fuja,
arrumo meu quarto
até varro o chão,
e parto.
Levo o skate e o celular
pra voltar correndo
se você chamar.
Mãe,
qualquer hora
vou-me embora.
Deixo a roupa suja
dou comida ao cão
ponho na coleira,
para que não fuja,
arrumo meu quarto
até varro o chão,
e parto.
Levo o skate e o celular
pra voltar correndo
se você chamar.