Estado de Minas C omeçou a batalha do Oscar, os canhões já estão posicionados, vem aí chumbo grosso. Os filmes indicados só serão anunc...
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“O lobo de Wall Street”, marca a quinta dobradinha de Martin Scorsese dirigindo Leonardo di Caprio. É um retrato do mundo econômico traçado pela história de um investidor da Bolsa.
“Trapaça”, conta as artimanhas de um trapaceiro de carteirinha, que servem ao diretor David O. Russel para recriar o clima dos anos 1970 nos EUA. O trapaceiro é Christian Bale.
”Nebraska”, nos traz a história de um homem que, em busca de um prêmio, pretende cruzar os EUA a pé. Bruce Dern é dirigido por Alexander Payne.
“Ela”, Joaquin Phoenix faz o papel de um escritor que se apaixona por um computador. Quem dirige é Spike Jonze.
“12 anos de escravidão” é a produção modesta da vez, grande favorito à estatueta de melhor filme. Dirigido pelo inglês Steve McQueen, é baseado na história verdadeira do violinista Solomon Northup, negro livre, que foi seqüestrado e vendido como escravo na Lousiana. Chiwetel Ejiofor, faz o papel principal.
“Inside Llewyn Davis”dos irmãos Coen, usa a saga de um cantor pop decadente para retratar o universo folk dos EUA nos anos 1960.
Alguma mulher no pedaço? Alguma grande protagonista? Alguma diretora? Alguma história centrada em mulher? Há uma só, nesta disputa, e tudo indica que não ganha. É Sandra Bullock, que na mega produção “Gravidade" faz o papel de uma astronauta perdida no espaço. Ou seja, uma ficção científica, e uma mulher valente mas sem rumo.
Quando a história pretende ser séria, quando Hollywood quer retratar uma época, um fenômeno social, um ponto de mudança, o faz através de homens. São eles que nos contam a História e nos dizem como a fizeram. É o olhar masculino que torna válida a narrativa. As mulheres continuam limitadas ao papel de coadjuvantes. Até no amor uma mulher pode ser substituída por um computador, sequer um avatar, sequer uma boneca inflável de vaga semelhança. Uma máquina basta.
Tenho ido muito ao cinema nestes dias, para escapar de alucinante sensação térmica. E domingo fui ver o último filme de Catherine Deneuve, “Ela vai”. Duas mulheres – a diretora é Emmanuelle Bercot – nos levam por estradas da França, sem nenhum compromisso aparente, num road-movie que avança atendendo um desejo ou um chamado.
Podemos desdobrá-lo em vários conteúdos.
Há um belo discurso sobre o envelhecimento, tecido por diversas personagens. E um outro, duplo, sobre envelhecimento e beleza, da protagonista e da atriz, da personagem fictícia e da mulher real que a encarna, prolongado por um comovedor encontro de ex-misses regionais francesas convidadas para uma foto oficial.
E há um discurso sobre relações familiares, atritos e encontros, amores.
Tudo isso, enquanto, como em um quadro impressionista, vai sendo desenhada a vida rural da França, com os pequenos centros, a política modesta, o grande almoço ao ar livre sob as árvores, os copos de vinho. Isso também é História, isso também é o social. A diferença está apenas no olhar.