Marina Manda Lembranças T enho mais medo das mudanças climáticas e da inteligência artificial que de pegar covid. Li recentemente um artigo ...
Marina Manda Lembranças
Marina Manda Lembranças
Li recentemente um artigo de Yuval Harari – de quem havia lido com grande prazer “Sapiens”– em que ele afirma que, depois de examinar com sua equipe uma pilha imensa de documentos, chegou à conclusão de que seria necessário gastar apenas 2% do PIB global anual para alcançar uma economia de carbono zero. 2% a mais do que já gastamos para conter a temperatura.
Nesse artigo Harari constata que existem outras formas de salvar o planeta ameaçado, as mudanças comportamentais como, por exemplo, comer menos carne e menos laticínios, e mais vegetais.
Os hábitos comportamentais são os mais difíceis de mudar. Ou por serem estabelecidos desde a infância ou, quando não, por representarem o alcance de uma meta. Crianças alimentadas com carne tornam-se, na maioria das vezes, adultos carnívoros, e crianças que não comeram carne ou que passaram fome, podem achar que comer carne equivale a um gol. Os brasileiros, por exemplo, quando podem, não dispensam o churrasco de domingo.
Na China, país que mais importa nossa carne, a grande maioria das famílias era pobre demais para comer carne, com a subida de nível econômico de parte dessas famílias puderam se permitir come-la.
Na Europa, pessoas mais conscientes já mudaram sua alimentação, como apregoa o comercial do agronegócio referindo-se ao segmento de frutas e falando do aumento da importação.
Em contrapartida, o artigo de Harari conta que a União Europeia calcula que o dinheiro escondido pelos ricos em paraísos fiscais representa cerca de 10% do PIB global, e que todo ano mais 1,6% do PIB global são “exportados” para o exterior. O artigo diz que em 2020 os governos gastaram dois trilhões de dólares, ou seja 2,4% do PIB mundial, com suas forças armadas.
Diante dessas cifras espantosas o esforço de pessoas mudarem seu regime alimentar parece uma gota d’ água no oceano. Eu só como carne uma vez por semana, e sempre preferi legumes e saladas. Minha filha radicalizou, vegetariana desde a adolescência, tornou-se vegana.
Não sei por que tantas pessoas precisam de Alexa, robô doméstico, para fechar as cortinas ou ligar o ar condicionado, é suficiente apertar o botão do controle remoto, ou levantar-se. Não preciso de Alexa para me dizer as previsões meteorológicas, basta consultar o celular.
Astro, recém lançado pela Amazon, é mais útil e mais simpático. Não só tem olhos pintados na telinha que ostenta no topo, olhos que o fazem parecer um pet e o tornam amigável, como vigia a casa indo de um cômodo a outro, e manda alarme se perceber algum movimento inusitado. Tem sensores visuais para distinguir um usuário do outro e, graças à telinha, permite comunicação.
A inteligência artificial surgiu com os computadores, e portanto é justo inclui-la no universo digital. A Meta, dona do Facebook, anunciou que sua equipe está prestes a apresentar o computador de IA mais rápido do mundo, que poderá processar trilhões de dados por segundo.
Ao mesmo tempo, Tracey Burns, pesquisadora, afirma que, embora não possamos mais viver sem ele, em 2022 o universo digital aumentará a diferença entre países e dentro deles.
A IA é uma das tecnologias que lideram a quarta revolução industrial. É muito bom para a indústria e aumenta seus lucros. Mas quanto mais máquinas houver, menos se necessitará de operários. O mesmo na lavoura, hoje um fazendeiro faz com uma máquina o mesmo que fazia com trabalhadores. E na Europa os vilarejos do campo estão sendo abandonados porque não há mais serviço.
Ou seja, não podemos viver sem a inteligência artificial mas devemos criar leis que nos defendam dela.