Marina Manda Lembranças P assando numa calçada, ouvi esta frase pronunciada por uma mulher madura mas ainda jovem que falava ao celular com ...
Marina Manda Lembranças
Marina Manda Lembranças
As coisas mudaram muito para as mulheres. Antigamente as donzelas, antes mesmo de se apaixonarem, sonhavam com véu e grinalda. Hoje muitas mulheres preferem cuidar do seu trabalho, que cuidar de um marido.
Não se pense que mulheres precisam de marido para pagar as contas. Mesmo em famílias de baixa renda as mulheres trabalham – quando conseguem achar trabalho – e contribuem nas despesas.
Comentei a frase que eu tinha ouvido com uma amiga que ficou viúva fazem dois anos e ela me disse que foi convidada para um almoço e um dos comensais lhe perguntou: “Você já se casou de novo?” Ao que ela respondeu: “Não pretendo me casar pela segunda vez”.
Comigo argumentou que acha homens muito gostosos, para sair, ir ao cinema, transar. Mas casar, nunca mais.
A atitude em relação ao casamento mudou para muitas mulheres mas não para todas. Dou como exemplo o casal que participou do Domingão Com Huck, na atividade The Wall, para ganhar dinheiro para uma festa de casamento e uma lua de mel em Israel. Ao final do desafio, conseguiram dinheiro suficiente para bancar seus dois desejos.
Lojas especializadas em vestidos de noiva e de madrinhas, têm sucesso em qualquer cidade brasileira.
Disse a frase que tinha ouvido para uma moça e ela me respondeu que tratava-se de uma descronstrução, que há milênios as mulheres são educadas/treinadas apenas para se casarem, cuidarem de filhos e marido. Que maridos equivalem a filhos, tem que ser cuidados, alimentados, consolados quando precisam de afeto, e têm direito de transarem quando querem, mesmo que a mulher esteja exausta de tanto cuidar deles e dos filhos, e não queira transar. Uma espécie de estupro consentido.
As mulheres modernas preferem ter um amante em vez de um marido. Maridos dão muito trabalho.
Ao contrário das mulheres, homens enviuvados ou recém desquitados, casam-se num piscar de olhos. Estão acostumados ao bem bom, e não querem abrir mão dele.
Em muitos países e em diversas partes do Brasil o casamento é quase igual ao da idade média. Cito o historiador Georges Duby que escreveu em seu livro O matrimonio medieval: “E era esta estrutura que colocava o casamento no centro de todas as instituições socais”. Mais adiante escreve: “Na cerimônia eram incluídos rituais que representavam o contrato (...) Eram três elementos (...): a apresentação da noiva na transmissão de poderes, através do enlace das mãos; o presente do noivo, em geral um anel, em troca do dote; e por último, a noiva se ajoelhava diante do homem que se tornava seu dono”.
O contrato matrimonial não é mais assinado pelos representantes dos dois feudos, mas pelos próprios noivos. A noiva é entregada pelo pai ao noivo, o que não deixa de ser uma transmissão de poderes. E logo os noivos enlaçam as mãos. O anel pode representar a aliança. E a noiva não precisa mais ter dote. A noiva não se ajoelha mais diante do homem, mas em caso de homens possessivos, o agora marido considera-se seu dono. Para isso acontecer, basta ela consentir.
A cerimônia da casamento religioso continua praticamente a mesma do século 12. Pena que muitos casais que sonham com esta cerimônia cenográfica, como o casal que se apresentou no Domingão do Huck, não saibam disso.
Mesmo se soubessem não faria a menor diferença.