Marina Manda Lembranças Q uero falar da pré estreia do documentário “Lobby do Batom”. Foi realizada na quarta-feira passada, e as feministas...
Marina Manda Lembranças
Dirigido por Gabriela Gastal, “Lobby do Baton” é um documentário muito importante. Os jovens não sabem o que foi o Lobby do Batom, nem a atuação das feministas na Assembleia Constituinte.
É um capítulo fundamental na história das mulheres brasileiras, que precisa ser lembrado, para os jovens aprenderem com elas que lutar pelos próprios direitos é, mais que necessário, indispensável.
O Lobby do Batom, expressão pejorativa que algumas congressistas ouviram pronunciar por um grupo de homens que caminhava à sua frente: “Lá vem as feministas do lobby do batom”. E que, depois de muita hesitação, resolveram adotar a frase como lema.
E deu muito certo! Porque aquelas feministas, tão desprezíveis para alguns homens , conseguiram aprovar 85% do que pediram. E não pediram só para elas. Pediram para as crianças os velhos – que naquela época não eram chamados de idosos, não se maquilhava a velhice – fizeram proposta para a educação, saúde, violência e trabalho. Todas elas constam da Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes, achado precioso que descobri na pasta Feminismo do meu arquivo pessoal, entregue a Ulysses Guimarães em 26 de março de 1985.
Foi resultado de um movimento que uniu todas as instituições feministas, as quais mandaram as reivindicações que as mulheres de cada estado queriam que constassem da Carta. Esse material todo, foi trabalhado por um grupo especialmente constituído.
A Carta era um imitação dos envelopes comuns do correio naquele tempo, com as beiras listadas de amarelo e verde, e no lugar do remetente estava assinado por um bando de nomes femininos. Lembro que o primeiro era Ana.
Desencavei, também, dos meus guardados, uma camiseta com estampados no peito a frase “Constituinte pra valer tem que ter palavras de mulher” Que desde que eu ganhei não mandei lavar, porque sempre achei que o amarelado lhe conferia uma pátina histórica.
Eu fui escolhida para integrar o primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, porque o estatuto elaborado por Ruth Escobar exigia uma escritora. E eu era a única escritora feminista. Mas era uma feminista independente, porque os artigos que eu escrevia na revista Nova eram, sem sombra de dúvida, feministas.
Meu mandato durava quatro anos. No princípio eu entrava muda e saía calada. Não conhecia o jargão feminista, só conhecia minha escrita. Havia lido alguns livros escritos por feministas mas elas não escreviam com o jargão usados pelas brasileiras e, felizmente, não usavam jargão algum – detesto pessoas que escrevem com frases feitas.
Lembro que Ruth Escobar me confidenciou – mentira, não me confidenciou, declarou em inúmeras entrevistas – que quando ainda não era feminista e estava casada com Lauro Escobar, confeccionou, atendendo a um pedido dele, uma espécie de cinto de castidade de tecido, que ele fechava com um pequeno cadeado quando saía para trabalhar e destrancava ao chegar.
Isso quando ainda não era feminista. Porque depois foi fundamental para reunir as organizações feministas numa só entidade, o CNDM.
Lembro quando a Ruth organizou, com o apoio da revista Nova, a Semana Da Mulher. Foi ali que conheci Cora Coralina, de cabelos brancos, protegida por um xale de lã branca – porque estávamos no inverno e fazia frio – declamando seu versos com voz macia.
Foi resultado de um movimento que uniu todas as instituições feministas, as quais mandaram as reivindicações que as mulheres de cada estado queriam que constassem da Carta. Esse material todo, foi trabalhado por um grupo especialmente constituído.
A Carta era um imitação dos envelopes comuns do correio naquele tempo, com as beiras listadas de amarelo e verde, e no lugar do remetente estava assinado por um bando de nomes femininos. Lembro que o primeiro era Ana.
Eu fui escolhida para integrar o primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, porque o estatuto elaborado por Ruth Escobar exigia uma escritora. E eu era a única escritora feminista. Mas era uma feminista independente, porque os artigos que eu escrevia na revista Nova eram, sem sombra de dúvida, feministas.
Meu mandato durava quatro anos. No princípio eu entrava muda e saía calada. Não conhecia o jargão feminista, só conhecia minha escrita. Havia lido alguns livros escritos por feministas mas elas não escreviam com o jargão usados pelas brasileiras e, felizmente, não usavam jargão algum – detesto pessoas que escrevem com frases feitas.
Lembro que Ruth Escobar me confidenciou – mentira, não me confidenciou, declarou em inúmeras entrevistas – que quando ainda não era feminista e estava casada com Lauro Escobar, confeccionou, atendendo a um pedido dele, uma espécie de cinto de castidade de tecido, que ele fechava com um pequeno cadeado quando saía para trabalhar e destrancava ao chegar.
Isso quando ainda não era feminista. Porque depois foi fundamental para reunir as organizações feministas numa só entidade, o CNDM.
Lembro quando a Ruth organizou, com o apoio da revista Nova, a Semana Da Mulher. Foi ali que conheci Cora Coralina, de cabelos brancos, protegida por um xale de lã branca – porque estávamos no inverno e fazia frio – declamando seu versos com voz macia.