Marina Manda Lembranças A cabei de saber que a maioria da geração Z está saindo das redes sociais. O Facebook calcula que, no Reino Unido, o...
Marina Manda Lembranças
Segundo uma reportagem do jornal The Guardian, adolescentes entre 15 e 18 têm problemas com a auto exibição que acompanha o transitar nas redes sociais.
É uma espécie de duelo para uma pessoa parecer mais feliz que os outros, como um jogo de futebol em que o jogador que faz gol é o mais feliz de todos. Mas é tudo fake. Se limita a criar uma imagem falsificada de si mesmo, uma persona.
E a dopamina jorra no cérebro a cada like.
44% dos adolescentes abandonaram totalmente as redes sociais para usar o tempo em coisas mais úteis e mais saudáveis.
Eu, que não sou da geração Z – que já nasceu conectada e na infância a mãe emprestava o celular para distraí-los – não tenho Facebook, nem Insta, nem Twitter. Nunca postei coisa alguma. E nunca tirei uma selfie.
Quem tem Face, Insta e posta minhas crônicas todas as quintas-feiras é meu site, posta também parte das minhas entrevistas. Mas não sou eu que faço meu site. São os jovens Santiago Régis e Rafael Mussolini, que não me canso de elogiar porque o fazem admiravelmente.
Nunca naveguei nas veias abertas da internet. As veias abertas da internet são o mesmo que as redes sociais, criadas para entrar no sistema sanguíneo do usuário, para viciar.
Uma pesquisa realizada em 2017, em escolas britânicas do ensino fundamental, achou que 63% das crianças ficariam mais felizes se as redes sociais nunca tivessem sido inventadas.
Bem fez o ator Murilo Benício, que declarou numa recente entrevista: "Hoje, as pessoas têm medo de emitir uma opinião porque não podem errar. Fica todo mundo esperando falarem uma besteira para apertar o botão. A pessoa nasce pré-cancelada. Isso assusta uma geração como a minha."
Eu não me assusto, embora seja muito mais velha que Benício e pertença a outra geração. Não tenho imagem pública para esgrimir contra o cancelamento. Minha imagem está nos livros que eu escrevo. E esses, ninguém cancela.
Fez muito bem Murilo Benício em conversar com os filhos, Antonio de 25 anos e Pietro de 17, a respeito da masculinidade no século XXI.
– A convivência com eles me põe no mundo moderno. Tudo mudou muito e é difícil virar a chave da noite para o dia. Conversamos sobre o que acho legal e o que entendo que é certo, mas acho esquisito.
Eu também converso com minha filha Alessandra que tenta, inutilmente, me pôr no mundo moderno. A mãe dela é uma analfabeta digital, esquece grande parte das lições que ela tenta me ensinar, a mãe dela não sabe o que é metaverso – em algum momento soube mas, em seguida, esqueceu – e não sabe o significado do símbolo que é publicado, muitas vezes expulsando as fotos para o lado.
Ou seja, a mãe dela é mulher que não pode vir para o mundo moderno , e que não se importa com isso.
A mãe dela não tem aplicativo nem pix e prefere ir ao banco para fazer uma única transferência. Prefere ir ao supermercado escolher as frutas mais suculentas, os legumes e as saladas mais frescas, que fazer compras pela internet. Prefere ir `a farmácia comprar um ou dois medicamentos que encomenda-los por telefone.
Isso atrapalha muito a vida da mãe dela, mas por outro lado a ajuda a manter-se em forma.
Deve ser por isso que tanto jovens da geração Z devem estar se despedindo das redes sociais. Para manter a forma/saúde mental.