Marina Manda Lembranças O lho para o mar pela janela. Vejo os vidros riscados pelas gotas de chuva, vejo as gaivotas, brancos pontos de luz ...
Marina Manda Lembranças
Marina Manda Lembranças
O céu está escuro, a linha do horizonte se funde com o mar igualmente escuro. As ilhas que vejo à minha frente também estão escuras, menos uma. Grande pedra cinzenta, recebe o único raio de sol que dardeja sobre ela.
As nuvens acima estão negras. Parece que o mundo inteiro está negro.
Sei, porém, que amanhã as nuvens, hoje tão ameaçadoras, terão se dissipado. E um sol tímido voltará a brilhar.
Ou não.
Nenhum sol tímido brilhou na manhã que se seguiu às chuvas trágicas de Recife que, até agora, contabiliza 128 mortes. Os bombeiros tiveram que trabalhar no resgate das vítimas, debaixo de uma chuva fina. E os profissionais da imprensa foram forçados a exercer sua tarefa abrigados por capas de plástico.
A chuva fina alternada com chuva pesada durou vários dias. Segundo cientistas essas tempestades catastróficas e mudanças de clima idem, acontecerão muito mais, como consequência do aquecimento global.
Louva-se a Rio 92, primeira conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Embora, mais da metade das sugestões prometidas não foram realizadas. Vejamos alguns itens das intensões da Agenda 21, documento mais importante do encontro:
• Proteção dos Recursos Naturais
• Combate ao desmatamento
• Pressão sobre a poluição da água e do ar
Em vez de proteção faz-se exatamente o contrário. Sobretudo neste (des)governo desprotegem-se os Recursos Naturais.
O desmatamento só aumenta, e o presidente Jair Bolsonaro põe lenha na fogueira ao apoiar o agronegócio e a expansão das fazendas.
Novamente entra em cena Bolsonaro dando força ao garimpo ilegal que polui os rios, envenena os animais selvagens e, através dos peixes, causa inúmeras doenças às populações ribeirinhas e ao povos indígenas.
A poluição do ar acima das megacidades aumenta a cada dia ou, para demonstrar nossa generosidade, a cada semana.
E dizer que no começo dos anos 70 o pensamento geral era que os recursos naturais fossem ilimitados e destinados ao consumo dos humanos.
Logo, porém, os países industrializados perceberam que a sua tecnologia tinha efeitos contrários. Os recursos naturais eram limitados!
Os rios estavam contaminados, lagos e rios secando, as florestas destruídas pela chuva ácida, o ar poluído.
E chegamos ao Relatório do Clube de Roma “Limites do Crescimento”. O Clube de Roma é uma entidade formada por cientistas, intelectuais, artistas, e pessoas eminentes da sociedade. Em 1972, o Clube encomendou a um grupo de cientistas do MIT um estudo que, utilizando a informática, se debruçasse sobre os recursos naturais. O livro que resultou desse estudo dizia que era necessário controle do crescimento da população, igualmente necessário o controle do crescimento industrial. Que a produção de alimentos era insuficiente, e que se a humanidade continuasse a consumir recursos naturais como consumia, esses recursos durariam menos de 100 anos.
A população só faz aumentar, graças à ciência que acrescentou à vida humana mais de 30 anos. O crescimento industrial aumentou desmesuradamente, graças à ganancia dos humanos. E milhões e milhões de pessoas estão morrendo de fome.
Significa que estamos chegando demasiado perto da beira do precipício.