Marina Manda Lembranças L i na imprensa que já existia a Associação de Mulheres Indígenas Sateré Mawé fundada pela avó da jovem ativista Sam...
Marina Manda Lembranças
Leio numa mensagem que me foi encaminhada por minha filha Alessandra, cuja autora desconheço, que indígenas pajés “estão num movimento super corajoso de respeito ao feminino montando uma aldeia onde a mulher tem voz, tem espaço, tem liderança, tem vida. Elas dizem que estão criando a primeira aldeia de mulheres (...) E agora elas precisam se mudar da aldeia dos homens para a aldeia das mulheres (que estão construindo com as próprias mãos)”.
Desconhecem as cinco comunidades espalhadas pelo mundo, que são governadas por mulheres, o que significa liderança e voz.
Os Bribri, 13 mil indígenas que vivem na Costa Rica, no Cantão de Talamanca.
Os Nagovisi, que vivem numa ilha a oeste de Nova Guiné.
Os Akan, são um grupo étnico cua, mais presentes em Gana que na Costa do Marfim.
Os Minangkabau, são um povo étnico nativo da Indonésia, no planalto de Sumatra Ocidental. Sua cultura é a única matrilinear entre esses seis povos, o que significa que as propriedades, as terras e a casas passam de mãe para filha. Os homens só tratam de religião.
Os Mosuo, conhecido como “Reino de Mulheres”, pequeno povo de 50 mil pessoas, que vive em Yunnan e Sichuan, China.
Pamela Sateré Mawé, nascida em Manaus, costuma dizer que “ativismo é uma palavra nova para o que já fazemos há muito tempo”. E reconhece que sua história começa quando as suas raízes estavam afundadas em terra indígena Andirá-Marau, onde nasceram as mulheres de sua família.
Há seis caciques mulheres de diferentes etnias, que conseguiram alcançar a chefia das suas comunidades e estão ajudando a combater o machismo (antes, nem pensar, que uma mulher poderia ser cacique) e lideram a transformação do que a maioria dos brasileiros pensa dos direitos dos indígenas. As lideranças sabem de cor os seus direitos.
Atualmente, são 897mil pessoas de 305 etnias, que falam 274 línguas. Entre eles, 448 mil mulheres, a metade da população.
Bem maior é a população de índios nos Estados Unidos: 3 milhões 727 mil e 135. Que não divide gêneros entre masculino e feminino.
“Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonha tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha. (...) E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima daquela tintura; e certo era tão bem-feita e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela”.
Assim escreveu Pedro Vaz de Caminha, mas duvido que as lideranças femininas atuais se reconheçam nessa descrição.
Hoje elas usam cocares como forma de representar sua etnia. No mais, usam vestidos e se concedem usar camisetas com os dizeres da campanha que estão fazendo escritos, bem legíveis, no peito.
Vi uma, com unhas compridas e manicuradas. Isso não significa que se descuidasse da sua militância. Ao contrário, tinha viagem agendada para os USA, e desejava ir com as unhas em dia.
Tinha “cabelos muito pretos, descendo pelas espáduas” como os descritos pelo primeiro escriba a visitar a terra Brasilis. Só não tinha vergonhas à mostra.