Marina Manda Lembranças E stou farta desse jogo eleitoral. Desde que a propaganda política começou, se estabeleceu no país, de norte à sul...
Marina Manda Lembranças
Marina Manda Lembranças
Estou farta desse jogo eleitoral.
Desde que a propaganda política começou, se estabeleceu no país, de norte à sul, uma espécie de histeria coletiva, uns não querendo revelar seu voto nem sob tortura, outros andando enrolados na bandeira do Brasil (atenção, Jair Bolsonaro sequestrou a bandeira que antes representava qualquer brasileiro, independente de cor, credo, ou partido político), outros andam na rua com o número do Lula reproduzido em selo enorme pespegado na frente da camiseta.
Quando fui votar no Colégio Notre Dame, havia uns e outros. Alguns vestindo a camiseta da Seleção Brasileira que vai disputar a Copa do Catar e foi alvo de muitas críticas, sobretudo nas redes sociais, por se ter tornado símbolo de bolsonaristas, outros com a bandeira do Brasil a redor da garganta como uma echarpe. Domingo foi um dia quente depois de tantos dias de chuva e frio. Não sei como os torcedores daquele clube encararam tanto calor.
E havia torcedores do clube do Lula. Com selo enorme gravado com o número 13, colado na camisa, por cima do coração.
Agora, na primeira semana de campanha para a reeleição, o governo inclui mais 520 mil famílias no Auxílio Brasil. Se não há verba para manter o piso do Auxílio Brasil em R$ 600,00 a partir de janeiro, como fará o governo para incluir mais 520 mil famílias? Ou as famílias não sabem que, depois de janeiro, o Auxílio Brasil vai encolher minimamente a cada mês? Impossível! Quem tem fome tem que se manter bem informado, para afastar a fome que teima em voltar.
Cito Leandro Ferreira, presidente da Rede Brasileira de Renda Básica em declaração dada ao Globo: “Se há orçamento para contemplar as famílias neste momento, porque não se pensou nisso antes?”.
Em outra direção, para manter a classe média mais confortável e atrair votos, o governo fará de tudo (e bote tudo nisso!) para reduzir o preço dos combustíveis.
Uma amiga me ligou de BH, dizendo que levou um susto com o resultado das eleições, tão diferente das pesquisas. O Brasil todo levou um susto com a diferença entre o resultado e as pesquisa. Eu também, tendo analisado as pesquisas à medida que elas apareciam, e nos últimos dias passaram a ser veiculadas dia a dia, eu também levei um tranco. Não esperava que a diferença fosse tanta.
Será que os institutos de pesquisas não sabem trabalhar?
O problema é mais complexo. Muitos fatores têm que ser analisados.
O voto envergonhado, por exemplo, o eleitor só sai do armário quando se dirige para a cabine eleitoral.
Vi muitas análises depois que o pleito acabou, assisti horas de Globo News. Escutei atentamente Fernando Gabeira, meu dileto amigo desde o tempo do JB, e acho que ele, sim, entende do Brasil profundo de tantas viagens que fez (mas não entende nada da interferência do fator religião e das alterações políticas que ela pode provocar. A religião nunca foi a praia em que Gabeira gostava de surfar).
Mas, agora, estou confundindo tudo misturando Gabeira com Merval e os dois com Camarote e Andrea Sadi. Ou seja, não sou capaz, de continuar esta crônica.
Tomo emprestado o título da análise, quase um ensaio, publicado por Merval na terça-feira passada que define bem a posição em que o brasileiros se encontram no presente momento.
“O Brasil não conhece o Brasil”.