Marina Manda Lembranças V ou falar de uma pesquisa mundial, realizada pelas universidades Bar-Ilan, Harvard e Washington, Hifa, MTI Lucca, l...
Marina Manda Lembranças
Vou falar de uma pesquisa mundial, realizada pelas universidades Bar-Ilan, Harvard e Washington, Hifa, MTI Lucca, liderados pela Universidade de Cambridge, e publicada na revista Proceedings of the Nacional Academy of Sciences.
Foram entrevistadas mais de 300 mil pessoas em 57 países. Disse Greenberg o principal autor da pesquisa: “Nossos resultados fornecem algumas das primeiras evidências (...) que as mulheres são, em média, mais empáticas do que os homens, está presente em ampla variedade de países em todo o mundo”.
Basta ver a mãe que olha para o seu bebê como se estivesse ainda no ventre, para entender porque ele está chorando, se é de fome, se é porque está molhado ou cocozado – os ‘bebês’ usam fralda até os dois anos.
E as mães dão suporte ao filho gay e aos seus namorados ou maridos, isso porque se coloca no lugar do filho e só quer que ele seja feliz.
Colocar-se no lugar de outras pessoas, adivinhar suas emoções e sentimentos é parte importante da comunicação humana. A empatia é fundamental.
A isso se chama “teoria da mente” ou “empatia cognitiva”. E um dos teste mais utilizados para medir essa teoria é conhecido por “Reading the Mind in the Eye”, ou Lendo a Mente através do Olho", que pergunta ao entrevistado, qual palavra melhor descreve a pessoa na foto, apenas visualizando a parte dos olhos, que emoções sente e em que está pensando.
Os resultados do teste mostraram que as mulheres pontuaram mais que os homens. Em nenhum país, segundo os pesquisadores, os homens tiveram pontuação significativamente mais alta que as mulheres.
Falta olhar para a enxurrada de escritoras. As principais categorias do Prêmio Jabuti foram vencidas por mulheres. Poesia: Luiza Romão, ela também mereceu o Livro do Ano com o romance: “Também guardamos pedras aqui”. Conto: Eliana Alves Cruz. Romance: Micheliny Verunschk.
Segundo a pesquisa Retratos de Leitura, de 2019, elas são 54% dos leitores. E as escritoras estão explodindo, hoje há mais escritoras do que no século XX – cujos exemplos mais significativos são Virginia Woolf, Clarice Lispector – e, sobretudo, no século XIX onde as mulheres tinham menos oportunidades de estudar e eram criadas para gerar filhos, cozinhar e cuidar dos maridos. As mulheres do século XIX pertenciam à sociedade castradora. É um verdadeiro milagre que tenham aparecido três escritoras na mesma família, as três irmãs Bronte: Emily, Charlotte, Anne.
Rejane Santos, diretora do Grupo Autêntica, diz: “É uma literatura com personagens demasiadamente humanas, nada fetichizadas ou idealizadas.”
Isso se chama empatia.
Apesar da pesquisa de que estamos falando não poder identificar a causa de diferença de pontuação entre as mulheres e os homens, os responsáveis acham que pode ser derivado de fatores biológicos ou sociais.
A diferença é enorme. Se as mulheres nascem com fatores biológicos, é sinal que são dispostas pela própria natureza a serem empáticas. Se é por fatores sociais, é que estão sendo empurradas pela sociedade para a empatia. O que significa que é para cuidar dos outros seres humanos, dos filhos, dos maridos, de quem precisar de cuidados. Ou seja, voltamos à velha submissão.
Nos salvam as escritoras, entre as quais figura um Nobel de Literatura, Annie Ernaux. Seu projeto literário e de vingar seu sexo e sua classe social.
A imprensa estrangeira já cunhou um termo female rage (fúria feminina) para escritoras que têm projeto literário semelhante ao de Annie Ernaux.