Marina Manda Lembranças H á uma cartela no supermercado que traz escrito o slogan: “Ovo de Galinhas Felizes”. Não sei como se mede a felic...
Marina Manda Lembranças
Aliás não sei como se mede a felicidade de pessoas. Não existe metro nem fita métrica, como usam as costureiras, para medir a felicidade. A felicidade é diferente para qualquer um. Uns são felizes eternamente, a felicidade está entranhada na própria vida. E outros são felizes só eventualmente, ou pouco. Estou lendo um livro, de Manuel Vilas, “Em tudo havia beleza”, em que escreve:
— Agora estou desempoeirando todos os motivos de alegria que pode ter havido em minha vida.
Convenhamos que alegria não é o mesmo que felicidade, mas para alguns pode ser.
Eu, por exemplo, agora sou feliz só eventualmente, já tive a felicidade entranhada em minha vida, quando era jovem. E já fui muito infeliz.
Vi um filme intitulado “O Duque”, com Helen Mirren, em que Helen é o próprio retrato da infelicidade, mas há momentos em que é feliz e ama o marido.
Isso não tem nada a ver com a posição social – pode ter a ver com a fome – os pobres não são todos infelizes, seria uma desgraça se assim fosse. Depende do temperamento e do inconsciente de cada ser.
Não sei como se mede o amor. O amor é inconsútil, não tem medida. Cada um vive o amor do seu jeito. Pessoas são dedicadas ao amor, trocam de amor a cada instante. E as que amam, desde a juventude, outro alguém.
Há momentos, como no filme “O Duque”, em que uma pessoa ama, e outros momentos em que se transforma em egoísta e não ama ninguém. Os egoístas só amam a si mesmos, como o Trump e Bolsonaro que só gosta dos seus filhos, não tem empatia nenhuma ou não demonstrou empatia quando sobreveio a epidemia.
Há os que gostam de beijo, há os que não gostam. Há os que gostam de sexo, há os que não gostam.
Na novela “Travessia”, há dois que não gostam de sexo, Rudá e Caique. Rudá não gosta de carinho nem de beijo na boca. Já Caique gosta dos dois. O problema se apresenta quando ele tem que dizer à namorada, apaixonada e desejando sexo, que ele é assexuado. Ele enfrentou o problema com uma, com que está ligado por um interesse sincero, e está enfrentando o mesmo problema com outra.
Miriam Goldenberg, antropóloga, publicou um livro “A arte de gozar, amor, sexo e tesão na maturidade”.
— Percebi que o tesão, depois dos 50 anos, pode estar em vários lugares. Precisamos entender a diversidade de desejos.
A diversidade dos desejos não pode ser ignorada. Pessoas podem ter desejos extravagantes, quem for companheiro dessa pessoa precisa se submeter a esses desejos. Menos ao desejo de bater e torturar.
Sexo pode não ser amor, há homens que preferem aventuras ou frequentar prostitutas. Mas não existe amor sem sexo – só para os assexuados.
Não há como medir amor, sexo e tesão. O tesão, os jovens vivem livremente. Beijou, é sinal para transar, transam a cada festa, a cada três por dois.
Os mais velhos não transam tão livremente, precisa haver uma atração, um tesão – pode ser que quando os jovens forem mais velhos transem tão livremente como foram criados.
Vi uma jovem andando de moto, o motorista que guiava o meu táxi me disse que as motociclistas não gostavam de homem que se aproximasse querendo fazer agrado. Respondi, que as que andavam de moto queriam preservar sua independência, que a independência é seu bem maior. Ele entendeu perfeitamente.