Marina Manda Lembranças H ildete Pereira de Melo, professora da UFF, e minha colega no Conselho dos Direitos da Mulher d...
Marina Manda Lembranças
Entre as mulheres de rendimento alto, 56% colocam os filhos na creche. As mulheres pobres não têm isso. E nas camadas médias, elas se retiram do mercado de trabalho. O ganho não compensa o custo da creche. Se quer se pensar em liberar a mulher, tem que ter ensino em tempo integral.
A tese de doutorado da professora Jordana Cristina de Jesus, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte constatou que a carga de trabalho da mulher em casa chega a quatro vezes a do homem.
A professora observa que “não seria consistente o país ter um patamar em que o trabalho doméstico feminino, fosse o dobro do tempo do masculino. Seria a padrão de países nórdicos.
Fiz um anúncio, na época que era publicitária, que foi por nove anos, intitulado: “Lugar de homem é na cozinha” subtitulado: “Se a cozinha é Coban Habitt”. E seguia descrevendo a cozinha, “ambiente requintado e acolhedor”.
Mas isso era dessa cozinha publicitária. Sabemos que a maioria das cozinhas não são requintadas e acolhedoras, sobretudo a dos pobres, que só tem uma pia (quando tem) e panelas de alumínio corroído.
Voltemos às tarefas domésticas que deveriam ser divididas igualmente entre homens e mulheres. Os casais jovens fazem uma divisão quase igualitária, vejo duplas de pai e mãe passeando no shopping, o pai levando o bebê na frente do corpo, e a mãe de mãos abanando. Mas isso é só metade da tarefa. Resta ver quem dá banho no bebê e põe ele pra dormir. Vários pais fazem isso, mas é raro.
Ao longo da vida, as tarefas domésticas mudam. No período em que nascem os filhos, por volta dos 30 anos, atingem seu limite máximo. Depois aos 50, quando os filhos estão crescidos, fica em 3h30 por dia para elas, e para os homens cai para 40 minutos.
E existem as mães solo quando toda a tarefa doméstica e o cuidado com o filho ou filha sobram para ela. Eu fui mãe solo, mas ganhava bem, empregada no JB, e pude contratar uma babá/cozinheira.
A professora Jordana diz que o Brasil não dará conta de cuidar dos seus idosos. Um em cada quatro brasileiros terá 60 anos ou mais em 2040. Acresce-se a isso a entrada das mulheres no trabalho cada vez mais cedo, para criar uma crise de cuidados.
Temos solução para isso! Leio uma pesquisa que em 2033 – portanto antes de 2040 – que robôs farão 39% das tarefas domésticas. A maior economia de tempo será com as compras de supermercado, com 59%.
Não vejo a hora de chegar 2033. Faço as compras no supermercado às segundas-feiras, e gasto entre 1h e 1h30. Às vezes chego a 2h, mas só eventualmente. Mas especialistas dizem que robôs podem administrar estoques na despensa e escolher marcas.
Em 2033 terei 96 anos.
Tenho máquina de lavar pratos, não preciso de robô para economizar 46,9%. Não tenho pets, não preciso de robô para cuidar deles. Tenho máquina de lavar roupa, não preciso de robô. Preciso de robô para passar roupa e economizar 43,5% de tempo. Não tenho crianças pequenas, as que eu tinha estão crescidas.
Foram ouvidos 36 especialistas do Reino Unido e 29 do Japão. Segundo os especialistas que conduziram as entrevistas, a ideia veio de outra pesquisa. Os cientistas americanos Carl Frey e Michael Osborne publicaram um estudo, sobre robôs assumirem outras profissões. Eles concluíram que 47% dos empregos estariam em risco de serem trocados por robôs. Isso em 2013.
O cientista Lehdonivrita disse: “Já que os robôs vão roubar nossos empregos, eles poderão pelo menos tirar o lixo para nós?”.