Marina Manda Lembranças G ilberto Alves começou a profissão de pescador ainda criança. Era tempo que se encontravam na baía, bagre a...
Marina Manda Lembranças
Hoje, Gilberto tem 73 anos, estas espécies desapareceram da baía por conta do acumulo de esgoto e lixo.
O secretário quer as obras previstas para serem executadas em três anos e meio, que estão sendo feitas, deixam entrar na Baía de Guanabara, em dias sem chuva, 18 mil litros de esgoto in natura por segundo.
O cinturão da baía vai custar R$ 2,7 bilhões. O acordo firmado com a Águas do Rio declarou que 27 cidades fluminenses vão receber tratamento de água e esgoto. O modelo é semelhante ao instalado na Lagoa de Araruama, que controla seis municípios.
O processo de degradação ambiental foi revertido da concessionária Prolagos da sociedade civil e do estado. E em Araruama as águas voltaram a ser cristalinas. Em 23 anos, o esgoto coletado na região passou de 0% para 80,12%, e os dejetos passaram a ser tratados.
Foram construídos 38 quilômetros, que capta o esgoto trazido pela rede de drenagem. O esforço é visível, voltaram os cavalos-marinhos, que não eram vistos por lá há três décadas, ou seja há 30 anos.
Desde o ano passado, o Canal de Itajurú, que liga a Lagoa de Araruama, vem sendo dragado. Até setembro, 400 mil metros cúbicos de areia e detritos serão dragados do fundo do Canal de Itajurú.
– Na rede de água de chuva, passam esgotos e lixo. Serão feitos mecanismos de gradeamento para segurar esse lixo. Mas grande parte do assoreamento no espelho d’água da baía é lodo, um passivo ambiental. Claro, que com o tempo, vai sendo trocado com a renovação de água. A cada 12 dias, 50% da baía são trocados, através do canal de interligação com o Oceano Atlântico. Com a queda do assoreamento, vai começar o processo reverso da natureza.
Prevê a instalação de coletores em 120 pontos ao redor da baía, no entroncamento com galerias de águas pluviais. O sistema terá 47 quilômetros de tubulações que se interligarão a elevatórias.
Mas começará onde não haja casas nem problemas de segurança. Às obras paralelas, feitas pelo estado, que contribuirão para que o esgoto não chegue à baía. No ano que vem será concluído o tronco coletor de esgoto do Rio Faria-Timbó. Juntos, os dois somam 2,5 mil litros dos 18 mil lançados por segundo na baía.
O pescador Gilberto trata de cuidar dos navios que lavam o fundo dos cascos e despejam óleo no mar.
– Os pescadores retiraram em um ano 500 toneladas de lixo. Já temos encontrado muito camarão. E pescadas brancas e robalo, encostados nos camarões, porque fazem parte da cadeia alimentar deles.
Em boa parte da Região Metropolitana do Rio, não existe rede de esgoto. Os dejetos acabam sendo lançados em tubulações que deveriam receber apenas água da chuva, e que desembocam em rios e canais, antes de irem para a Baía de Guanabara.
Não serão só municípios do entorno da baía, que receberão coletores. Com isso, 170 litros por segundo, que atualmente acabam em lagos e rios da região, serão tragados pela Estação de Tratamento de Esgoto da Barra da Tijuca. A isso serão beneficiadas cinco bacias da região. São obras para cinco anos.
Mas o secretário do Ambiente quer voar mais alto, para despoluir as lagoas de Jacarepaguá, da Barra. O novo projeto está calculado em R$ 1 bilhão. O plano do estado prevê a construção de muros de pedra pelo mar para facilitar a troca de água entre o oceano e as lagoas.