Marina Manda Lembranças N a quinta-feira passada me esqueci de dar credito a Eliane Lage, do seu livro "Ilhas, veredas e buritis" ...
Marina Manda Lembranças
É que terminei de escrever a crônica, que devia entregar na quinta sem tardar um minuto.
Acabei tardando mais de um minuto, e fui dormir às duas horas da madrugada.
Se tratava da ilha onde Gabriella Besanzoni casou-se com Henrique Lage. E viveram lá um tempo, enquanto Henrique edificava a mansão do Parque Lage e o próprio Parque, nas terras que eram da sua família há muitos anos.
Acontece que eu fui visitar essa ilha. Cito Eliane Lage 'O sonho de Tonico Lage se tornara o mundo da bisneta era a ilha de Santa Cruz. Parecia um enorme navio atracado pela proa a uma ponte de ferro ligada aos estaleiros da Ilha do Viana'. Essa ponte já não existe, não há ponte alguma ligada aos estaleiros da Ilha do Viana.
'A bombordo, um longo cais com escadas de pedra que desciam até o mar, e a estrada que subia ziguezagueando por entre capim e mangueiras até o alto do morro'.
Onde Tonico, o primeiro dono daquela ilha, sentava para ver as ilhas ao redor e para ver os pássaros fazendo ninhos, e admirar a limpidez da água do mar. Naquele tempo não era cheia de lixo e manchas de óleo, como é hoje a baia da Guanabara.
'Do outro lado, o mais bonito, se avistavam as casas com seus jardins'. Essas casas já não existem, não há necessidade dos comandantes que pilotavam os ITA, já que não existem os ITA.
Onde Tonico, o primeiro dono daquela ilha, sentava para ver as ilhas ao redor e para ver os pássaros fazendo ninhos, e admirar a limpidez da água do mar. Naquele tempo não era cheia de lixo e manchas de óleo, como é hoje a baia da Guanabara.
'Do outro lado, o mais bonito, se avistavam as casas com seus jardins'. Essas casas já não existem, não há necessidade dos comandantes que pilotavam os ITA, já que não existem os ITA.
'E lá embaixo as praias, o costão de perdas, e, ao longe, o fundo da baia e o azul da Serra do Mar. Uma enorme horta, estábulos e currais, e uma granja de galinhas formavam a popa desse navio-ilha'.
A horta, estábulos e currais, e uma granja de galinhas, já não existem mais, pois se não há como alimentar os passageiros dos ITA. Os ITA estão defuntos há muitos anos. Acho que na época do Henrique, não era dono dos ITA. Os ITA fizeram a fortuna de Tonico.
Conto que já fui visitar aquela ilha. O novo dono, Paulo Rebelo (é dono também do estaleiro) mantém o casarão onde Gabriella e Henrique se casaram, em perfeita ordem. Até o escritório do Henrique é ordenado, a escrivaninha dele é limpada, e até a cadeira onde sentava, um dia após o outro. Tinha que ser muito desconfortável essa cadeira porque tinha esculpida na frente, onde se encostava, em letras garrafais, Loyd. Era onde Henrique tirava o dinheiro.
Fui visitar um dia a Companhia Loyd. Ficava em frente aos armazéns todos de Henrique, sabíamos na família que haviam sido de Henrique. Descobri uma Cruz de Malta nos ladrilhos do chão, a Cruz de Malta era o símbolo oficial da Companhia.
O novo dono vai uma vez por mês ou talvez duas vezes, à ilha. Vai com sua mulher, Hellen, e com sua irmã, Patrícia, ocupa os quartos todos, e faz uso da sala e da sala de jantar. Acrescentou uma piscina, tio Henrique gostaria dela se ainda estivesse vivo. Quando cheguei ao Rio, em 1948, tinha um arremedo de trampolim, sinal que era usado como piscina. Eu e meu irmão aguardávamos a campainha tocar chamando a fiel secretária da nossa tia (que sempre chamamos tia, porque não existe em italiano tia avó), para mergulhar na piscina, éramos os únicos a mergulhar, nossa mãe as vezes nadava um pouco, mas era só quando estava muito calor.
Depois exploramos o jardim. E bem depois a mata. Mergulhamos na bacia de água gelada que havia debaixo da cachoeira e brincamos como Tarzã nos cipós.
Eu ia indo com meu irmão numa pedreira quando o meu pé vacilou. Se não fosse o meu irmão me segurar eu estaria morta.
Havia uma quadra de tênis no Parque Lage, que ninguém usava, e debaixo dela havia uma gruta de escravos que havia pertencido aos escravos de muitos e muitos anos antes, tinha uma linha de água onde se lavavam, e haviam permanecido os anéis onde os torturavam.
Volto à Ilha de Santa Cruz, depois deste disparo de memória.
Fui com minha filha Alessandra e com meu neto Nuno, fui com meu sobrinho Roberto, filho do meu único irmão Arduino. Tomamos banho de piscina, e comemos um lauto almoço, duvido que Pedro se ocupasse da comida, provavelmente a mulher dele deu as ordens do almoço que nós seria servido.
E com isso deixo a Ilha de Santa Cruz.
Adianto que o Pedro me convidou para ir à Ilha de Santa Cruz com as mesmas pessoas.
A horta, estábulos e currais, e uma granja de galinhas, já não existem mais, pois se não há como alimentar os passageiros dos ITA. Os ITA estão defuntos há muitos anos. Acho que na época do Henrique, não era dono dos ITA. Os ITA fizeram a fortuna de Tonico.
Conto que já fui visitar aquela ilha. O novo dono, Paulo Rebelo (é dono também do estaleiro) mantém o casarão onde Gabriella e Henrique se casaram, em perfeita ordem. Até o escritório do Henrique é ordenado, a escrivaninha dele é limpada, e até a cadeira onde sentava, um dia após o outro. Tinha que ser muito desconfortável essa cadeira porque tinha esculpida na frente, onde se encostava, em letras garrafais, Loyd. Era onde Henrique tirava o dinheiro.
Fui visitar um dia a Companhia Loyd. Ficava em frente aos armazéns todos de Henrique, sabíamos na família que haviam sido de Henrique. Descobri uma Cruz de Malta nos ladrilhos do chão, a Cruz de Malta era o símbolo oficial da Companhia.
O novo dono vai uma vez por mês ou talvez duas vezes, à ilha. Vai com sua mulher, Hellen, e com sua irmã, Patrícia, ocupa os quartos todos, e faz uso da sala e da sala de jantar. Acrescentou uma piscina, tio Henrique gostaria dela se ainda estivesse vivo. Quando cheguei ao Rio, em 1948, tinha um arremedo de trampolim, sinal que era usado como piscina. Eu e meu irmão aguardávamos a campainha tocar chamando a fiel secretária da nossa tia (que sempre chamamos tia, porque não existe em italiano tia avó), para mergulhar na piscina, éramos os únicos a mergulhar, nossa mãe as vezes nadava um pouco, mas era só quando estava muito calor.
Depois exploramos o jardim. E bem depois a mata. Mergulhamos na bacia de água gelada que havia debaixo da cachoeira e brincamos como Tarzã nos cipós.
Eu ia indo com meu irmão numa pedreira quando o meu pé vacilou. Se não fosse o meu irmão me segurar eu estaria morta.
Havia uma quadra de tênis no Parque Lage, que ninguém usava, e debaixo dela havia uma gruta de escravos que havia pertencido aos escravos de muitos e muitos anos antes, tinha uma linha de água onde se lavavam, e haviam permanecido os anéis onde os torturavam.
Volto à Ilha de Santa Cruz, depois deste disparo de memória.
Fui com minha filha Alessandra e com meu neto Nuno, fui com meu sobrinho Roberto, filho do meu único irmão Arduino. Tomamos banho de piscina, e comemos um lauto almoço, duvido que Pedro se ocupasse da comida, provavelmente a mulher dele deu as ordens do almoço que nós seria servido.
E com isso deixo a Ilha de Santa Cruz.
Adianto que o Pedro me convidou para ir à Ilha de Santa Cruz com as mesmas pessoas.