Marina Manda Lembranças T rata-se de uma cabana sem fios atando as partes e sem arames segurando o conjunto. Pois foi utilizado, meu irmão e...
Marina Manda Lembranças
Isto era o que tinha no Parque Lage. E mais um aquário que olhava com pena dos peixes trancados na água verdosa, nunca trocada, havia um que era um peixe elétrico, andava solitário com sua carga elétrica toda, poderia ter fugido, mas não havia chances com os vidros duplos.
E tinha um viveiro cheio de macacos que eu olhava com pena, a mata ao redor. Eles deviam ter desejo de fugir para a mata, que nem Tarzan daria conta. Mas entre eles e a mata estava o impedimento das redes de ferro.
Havia mais uma coisa, perdão, duas coisas. Uma gruta romântica e um castelo em ruínas. As duas faziam parte das coisas românticas que se utilizam nos parques de outrora.
Meu irmão e eu brincávamos nas duas.
Na gruta pisávamos na água gelada, que vinha de um riacho minúsculo, e jogávamos com nossa sombra nas paredes, sempre havia essa sombra, fazia parte do romantismo.
E no castelo brincavamos de subir e escorregar, e novamente subir e escorregar, e subir e escorregar. Era o que havia para fazer naquele castelo em ruínas, o resto era subir pelas escadas, e descer pelas escadas.
E isso não nos distraía.
O que nos divertia era jogar nos cipós, como Tarzan. Havia sempre uma troca de cipós que nos desequilibravam, e nos desequilibravam, até que por fim caiamos.
E houve uma, subindo numa pedreira, o meu pé falhou e se não fosse meu irmão segurar meu pé, teria despencado lá embaixo.
Sempre olhávamos a casa dos cachorros, como se não soubéssemos que andavam pelo Parque à noite, e estavam cansados, ele e o tratador deles.
Havia sempre uma coisa viscosa que pegava no meu pé às vezes, quando eu estava na cascata não pegava, só quando eu estava na parte de baixo que fornecia água à mansão do Parque, eu sentia aquela coisa viscosa, e pensava que era uma cobra.